quarta-feira, 22 de junho de 2011

Combos de gula

Ela está tão presente nas nossas vidas que até foi incluída na lista dos Sete Pecados Capitais, ganhou um dia de comemoração e não há quem tenha resistido ou se rendido a ela ao menos uma vez: a gula. Ela é tão comum no nosso dia a dia que até as empresas de fast food estão utilizado-a para suas promoções e nós aproveitamos sem questionar.

Quem nunca resolveu ir comer em um restaurante de fast food e acabou gastando bem mais do que pretendia e ingerido bem mais do que devia? Pois é, são os famosos “combos”, cada empresa tem a sua forma de apresentá-los ao público, seja com o dobro do produto por apenas um real, ou levando uma batata frita grande você ganha outro refrigerante, mas o objetivo é o mesmo: lucrar com a nossa gula.

Em 2004 o cineasta Morgan Spurlock dirigiu, produziu e protagonizou o documentário “Super Size Me”, em português, “Super Size Me – 30 dias de fast food” / ”A Dieta do Palhaço”. Este documentário tinha como objetivo alertar a população norte-americana dos perigos que as redes de fast food representam a saúde. A rede escolhida para a gravação do documentário foi o McDonald’s. Durante a gravação, Spurlock comeu nos restaurantes McDonald’s três vezes ao dia, chegando a consumir em média 5000 kcal/dia, sendo que devia escolher o tamanho “Super Size” de sua comida sempre que lhe fosse oferecido. Resultado: Depois de trinta dias, obteve um ganho de 11kg. Também experimentou mudanças de humor, disfunção sexual e danos ao fígado. Spurlock precisou de quatorze meses para perder o peso que havia ganhado.

Não condeno quem come mais do que precisa, afinal, quem nunca se rendeu aos prazeres da gula? Devemos comer com consciência e não por impulso, as vezes trocamos o doce por um vegetal só para dizermos que temos controle, mas depois de alguns minutos lá estamos nós, agarrados no doce. A gula não é a vilã de história, nós que somos, precisamos nos controlar, mas, na maioria das vezes, demoramos pra perceber o que está nos fazendo mal.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Roubar para sobreviver

Podemos julgar alguém que rouba para sobreviver? Furtar nunca é a melhor opção, afinal, é contra a lei. Mas em um país onde os grandes políticos roubam e os grandes empresários armam estratégias onde sempre saem ganhando, um pai de família que rouba um quilo de arroz para ajudar no sustento da família pode ser considerado um ladrão?

Colocações como esta sempre geram polemica, há quem defenda que roubar sempre vai ser grave independente da situação do infrator. Mas se compararmos com todas as situações esta é a menos gravemde todas. Como retratado no livro de Jorge Amado, Capitães de areia, onde um grupo de cem meninos órfãos, que moram em um trapiche, praticam furtos contra a população para sobreviver. Mas no livro a realidade envolve muitas vezes a brutalidade, o que já se pode considerar fora dos limites éticos.

Hoje temos vários programas do governo que ajudam as pessoas humildes, mas em um país que esta tudo tão caro, sobreviver com um salário mínimo é praticamente impossível. Uma das saidas também deve ser um trabalho social mais intenso com as pessoas que vivem na miséria, ensinando a trabalhar e como cuidar do que eles conseguem adquirir.

Não se deve apoiar a pratica de roubo, mas também não se pode julgar quem rouba para sobreviver, pois quando o assunto é sobrevivência o ser humano se torna irracional.

Não é o que parece

Quando as primeiras máquinas fotográficas surgiram, no século XVIII, o maior desafio dos fotógrafos foi convencer os modelos de que a explosão, originada pela câmera no momento do clique, era inofensiva. Por mais que os lambe lambes tenham tido um papel fundamental na popularização da fotografia ao redor do mundo, foi com a modernização dos equipamentos e com a invenção das tecnologias de manipulação que as imagens fotográficas puderam adquirir a versatilidade que conhecemos.

Erik Johansson, fotográfo sueco, ensinou ao mundo como era possível transformar uma simples fotografia em uma imagem vendedora e impactante. Mas, diferente dos fotógrafos mais tradicionais, ele transformou o momento do clique em algo secundário. Para Johansson, o tratamento posterior dado a foto é o carro chefe da sua criatividade. E tudo começou quando ele ainda tinha 15 anos de idade.

"Ganhei minha primeira câmera digital de aniversário. Na mesma época, utilizei o computador para fazer mudanças em algumas fotografias e achei aquilo muito divertido" - explica o fotógrafo de apenas 25 anos, que fotografa profissionalmente desde 2007 e já é um dos fotógrafos mais requisitados de todo o mundo.

Do namoro bígamo de Johansson com a fotografia e a manipulação, surgiram algumas das mais impressionantes imagens utilizadas pela publicidade no início deste século. Afinal, em um mundo perfeccionista onde nem tudo é como se gostaria que fosse, é bem mais útil contar com um bom manipulador do que com um profissional que somente tenha um domínio absoluto de seu equipamento.

"Eu sempre tenho um rascunho da idéia final" - explica o sueco tentando descrever o seu método de trabalho - "O resultado sempre fica diferente, e só vai ficar pronto mesmo muito tempo depois da execução das fotografias, pois levo pelo menos 10 horas tratando digitalmente cada um dos meus trabalhos."

Em tempos de polêmica envolvendo a fotomanipulação em veículos de comunicação, o jovem fotógrafo sueco vem impressionando o mundo com o seu o seu surrealismo criativo. Alheio às opiniões, ele segue trabalhando sem opinar, transformando o seu próprio trabalho no maior de todos os argumentos a favor da poesia visual.

Confira alguns de seus trabalhos mais famosos:







Literatura para devorar

Luís Fernando Veríssimo não é um escritor de multidões. Suas soluções frasais passam longe do apelo messiânico de um Paulo Coelho, da elucubração polêmica de um Saramago ou mesmo da sensibilidade ímpar de uma Martha Medeiros. Luís Fernando nunca pretendeu ser tão eterno quanto estes três citados, e está em sua despretensão a maior de suas virtudes: a simplicidade. O Clube dos Anjos, lançado no final dos anos 90, serve como amostra do talento que este escritor gaúcho tem para abrilhantar histórias utilizando a fala informal, o raciocínio rápido e a inclusão de personagens tão humanos quanto o seu criador.

Imaginem a história de um seleto clube cujo maior ritual era realizar um jantar por mês na casa de alguns dos seus integrantes. Preencha as 10 cadeiras da seleta mesa do clube com 10 personagens muito distintos, um mais sensível, outro mais temperamental, outro mais frio, outro mais distante... e adicione a tudo isso uma narração em primeira pessoa encarnada pelo mais fracassado dos protagonistas. Se você acha que o livro possui todos os ingredientes necessários para acabar com a sua insônia, o autor conseguiu lhe pregar uma peça. E nasce desta peça outra característica muito peculiar de Veríssimo: a entrega de elementos simples que fadiguem o leitor, para que ele próprio possa surpreendê-lo logo em seguida.

Foi assim em O Analista de Bagé, onde as narrativas de um psiquiatra renderam um dos maiores bests-sellers da literatura brasileira contemporânea. É assim em O Clube dos Anjos, onde as memórias confusas de um frustrado publicitário se transformam em uma anedota gigante repleta de pequenos e importantes momentos para serem devorados em poucas horas. Qualquer semelhança entre as duas obras não é mera casualidade. É, tão somente, genialidade de seu autor.

O livro faz parte da coleção Plenos Pecados, que visa abordar os pecados capitais em sete lançamentos. Neste volume, temos retratada a gula, e a forma como ela acabou com um clube que se reuniu em torno dela.

Luís Fernando Veríssimo não é um escritor de multidões. E talvez até seja melhor assim. A literatura deve a autores como ele – e a obras como O Clube dos Anjos – o seu caráter popular. Afinal, se as palavras de escritores mais sérios transformaram a literatura em arte, foram as palavras de escritores mais destemidos que transformaram a literatura em entretenimento. Pra quem gosta desta segunda modalidade, O Clube dos Anjos é, literalmente, um prato cheio.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Crianças perdidas


É comum sairmos de carro e nos depararmos com crianças em sinaleiras pedindo dinheiro ou vendendo balas. Se pararmos para contar a quantidade de crianças que enxergamos abandonadas nas ruas todos os dias, a quantidade é enorme. E o erro da sociedade é encarar esses menores apenas como uma ameaça, não os enxergam como crianças e não percebem que todos esses problemas de criminalidade, na maioria das vezes, vem de um abandono.

A porcentagem de crianças de rua que acabam indo para o mundo marginal é muito grande, eles não tem nada além do que a rua as oferece e a marginalidade é muito mais acessível que qualquer outra opção mais digna. Crianças de rua vivem uma vida solitária, sem o carinho de uma família estruturada e procuram preencher essa falta nas drogas e na criminalidade. Se tentam sobreviver com dignidade, acabam sofrendo o preconceito da sociedade, que sempre os veem como assaltantes ou meninos que querem dinheiro para comprar drogas. O erro das pessoas é generalizar e não tentar encontrar uma solução.

Governantes não entendem que, quanto menos atenção dão a essas crianças, mais estão ajudando para o desenvolvimento de marginais adultos. Isso tudo não é uma regra, mas a maioria desses menores abandonados que enxergamos nas ruas acabam virando os ladrões e traficantes do futuro. Existem sim instituições que ajudam menores de rua, mas elas estão longe de resolver o problema por inteiro e não se vê o governo criando medidas para ajudar. Nem a sociedade, nem o governo dão a atenção necessária.

A solução para dimuir a quantidade de menores nas ruas seria dar a oportunidade para que eles consigam olhar o caminho mais digno como o mais fácil. Dar instrução, criar mais grupos para tirar essas crianças das ruas e as levar para onde possam ter orientação vocacional e estudo. É vergonhoso saber que a solução está longe de acontecer. A verdade é que hoje, para todas essas crianças perdidas, o caminho mais simples ainda é a marginalidade.

*Texto argumentativo sobre o livro "Capitães de Areia".